Canção do Engate

quinta-feira, novembro 30, 2006

Imaginem 2^64 blogs

Imaginem o seguinte: 264 blogues. O número é um pouco difícil de imaginar, mas a cadência de criação de blogues será, a meu, ver exponencial.
Os critérios de diferenciação de cada mecanismo de blogue (Blog engines) serão cada vez mais importantes na escolha dos utilizadores. A tendência, a meu ver, é que nesta explosão de interesses fáceis -- os the expôr ideias livremente -- sugirão inevitavelmente montanhas de páginas com puro spam. Isto porque mesmo que apenas 1% dos utilizadores (os blogadores), farão a diferença, pela negativa. Ou seja, contaminarão os fornecedores de blogues (tal como o www.blogger.com) de forma irremediável.
É claro que mesmo no caos, uma certa ordem irá singrar, mesmo que à custa de uma limpeza a direito -- levada a cabo pelos fornecedores, cansados de comprar gigabytes de armazenamento em periodos tão curtos... Mas pode ser que me engane. Oxalá.

Fiquei hoje agradavelmente surpreso ao verificar que até o famoso Marcelo Rebelo de Sousa tem o seu blogue (embora astutamente lá coloque apenas os traços gerais do seu pensamento -- os outros, guarda-os para o monólogo semanal aos domingos, na RTP1.)
Mais supreso fiquei ao verificar que qualquer um pode ter um blogue: então porque não?, pensei eu, e inscrevi-me. Numa questão de minutos estava a contribuir um pouco para que a curva ascendente do número de blogues, e seus artigos, rapidamente crescessem para o número astronómico... 264.

sábado, novembro 04, 2006

Comentário sobre comentadores (a bola de neve)


Dois dos melhores comentadores da actualidade, em Portugal, aos quais eu reconheço um elevado valor intelectual, são:
  • o José Pacheco Pereira
  • o Miguel Sousa Tavares
Não interessa aqui expôr a razão do meu apreço, apenas gostaria de mostrar uma dicotomia interessante entre estes dois comentadores.

Já sabia que o Pacheco Pereira tinha um blogue, mas nunca imaginei que se tivesse iniciado no mundo da blogosfera tão cedo, em meados de Setembro de 2003 (ao que é noticiado na TSF: www.tsf.pt/...TSF129743).

As referências do Pacheco Pereira em relação à blogosfera estão nos mais variados sítios:
na Blogopedia, sendo o Abrupto o seu blogue mais conhecido.

Para os mais desconfiados, fiz um pequeno estudo para verificar a autenticidade da autoria deste blogue: fiz uma procura na TSF com a palavra "Pacheco Pereira" e encontrei muitas referências, algumas das quais às sua opiniões, bem como a referências ao seu próprio blogue.

Temos então:
  1. http://www.tsf.pt/online/portugal/interior.asp?id_artigo=TSF161418
  2. http://abrupto.blogspot.com/2005_05_01_abrupto_archive.html
A primeira referência é jornalística, fiável, a segunda pertence aos arquivos do seu blogue.

Postas as referências comprovadas (conforme a figura demonstra), é de saudar, na minha opinião, que este comentador de elevada craveira intelectual contribua publicamente na blogosfera portuguesa.

Na outra vertente, temos Miguel Sousa Tavares, distinto advogado, comentador e jornalista, que comentou no Expresso da semana passada que foi alvo de calúnias lançadas por um qualquer internauta; não posso, nem devo, transcrever as calúnias escritas. Miguel Sousa Tavares exprimiu um grande desprezo (na generalidade) pela poluição provocada por espaços na Internet (como a blogosfera), dando como exemplo a devassa da sua honra pessoal.

Não pretendo com este artigo esgrimir argumentos de um lado ou de outro (respectivamente pró-blogosfera e anti-blogosfera), apenas salientar que dois conhecidos e mediáticos cidadãos portugueses, que são expoentes na apreciação político-social e cultural do nosso país, tenham opiniões tão dispares — mas é indesmentível, na minha opinião, a vantagem cultural de haver cidadãos que expõem a sua opinião válida em espaços livres, como o é a blogosfera. Em contra-peso, como vivemos numa época de fast-reading, com massificação da informação não confirmada e incapacidade crítica das massas, facilmente encontramos abusos inaceitáveis da liberdade de expressão, que poderá ficar inimputável — à distância do anonimato de um endereço IP (Wiki *).

(*) Virtualmente qualquer utilizador pode escrever num blogue sem sequer ficar registada a legitimidade do autor; na Wikipédia, por exemplo, fica no mínimo registado o utilizador ou o IP da pessoa que editou o registo; no caso de todos os blogues que eu conheço, nem sequer isso fica registado. Fica à consideração do site gestor do blogue a forma pela qual os utilizadores se registam, sendo que não é exigida qualquer comprovação de morada, de assinatura digital, ou outra forma de controlo. Fica desta forma explicada a visão mais informática da coisa, que é a que eu melhor domino neste mundo de escrita globalizada...

Na minha vida profissional sou confrontado diariamente com a necessidade de encontrar objectivos específicos para o trabalho a desenvolver. A minha intranquilidade face à blogosfera centra-se nos objectivos que se conseguem estabelecer: a meu ver, na generalidade, extremamente difíceis de explicar pelos próprios que a escrevem.
É como na teoria dos grandes números: tendencialmente o número absoluto de artigos interessantes aumenta, enquanto o número total de artigos invade os discos dos servidores que albergam os blogues em todo o mundo como uma bola de neve. A avalanche é imparável.

O blog da Canção do Engate

Há uns anos escrevi um livro que consistia num conjunto de contos.
Alguns foram escritos com a pressa inerente a um estudante de engenharia, pelo que seleccionei apenas alguns. Como engenheiro que sou, e embora tenha escrito diversos romances e contos,
achei que deveria dar àquela obra um objectivo: mas hesitei sistematicamente no que fazer com os contos. No entanto, nunca hesitei sobre o título a dar a esta inspiração — e o título era precisamente Canção do Engate.
De acordo com o posfácio:
é a nossa ambiguidade enquanto amantes, porque o engate é como uma canção: pode ou não levar-se a sério
A hesitação do destino a dar a esta obra de cerca de 140 páginas continua com este blogue. Em vez de chamar a este blogue algo como "as divagações intelectuais do cidadão do mundo Henrique", que é um nome um bocado comprido, decidi dar-lhe o nome reduzido daquele que escolhi para este misterioso livro, não editado, que é intelectualmente correcto, à luz do que eu fiz no âmbito literário: engatar. Como sabem os internautas, iliterados ou não, a palavra canção não pode constar num URL (ou vulgo link); por exemplo, canção-do-engate.blogger.com resultaria no seguinte:
  • can%c3%a7%c3%a3o-do-engate.blogger.com (no Internet-Explorer <=6.0);
  • xn--cano-do-engate-shb7d.blogger.com/ (se usar um proxy Squid)
Se fosse cancao etc e tal, soaria mal, não existe tal palavra em português. E... além disso, o blogue engate já existe; se fosse cancaodoengate seria uma cacofonia desgraçada. Assim, ficou apenas engatar. No sentido mais usual do termo (o acto socio-cultural da internet mais usual, como por exemplo o chat do engate), não o posso negar, tem uma vantagem comercial, ou se quiserem, nos resultados da procura; no sentido mecânico do termo tem o paralelismo com a maneira como eu consigo lidar com a cultura — leia-se, apenas consigo meter umas quantas mudanças, engatando aos poucos; talvez a minha habilidade natural e inata no campo científico me permita escrever de forma clara.

Face à hesitação do destino a dar à obra que deu o nome a este blogue, vou tentar deixar aqui dicas para pessoas que estejam na mesma situação: querem escrever publicamente, de forma desafogada, sem poluir a casa com papeis que ficarão amarelados com o passar dos anos.

Em suma: não se julgue que aqui serão colocados anúncios para o engate sexual, de cariz erótico, ou outros, apesar do título assim o denotar.

Para aqueles que conseguiram ler este simples artigo até ao fim, os meus parabéns, eu próprio fiz um esforço.